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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Machismo gay?


Anteriormente comentei que os seres humanos tendem a temer o desconhecido, mas esse comportamento não termina por aqui. A mente humana tem uma capacidade exuberante de criar explicações para o desconhecido. Criam explicações científicas e mitos. Nem sempre essas explicações são dadas com conhecimento sobre o assunto. Civilizações antigas criaram diversas histórias para explicar o surgimento do universo. Com seres mitológicos e histórias igualmente mirabolantes, que logo foram colocadas em xeque pelo amadurecimento do pensamento humano. O folclore ainda envolve varias facetas da vida humana. Sobre o universo gay pairam noções não tão míticas, mas igualmente falsas. É possível ver ainda nos dias de hoje a associação entre homossexuais e possessão demoníaca. Outras noções a respeito do assunto tem também sua origem nessa visão anti-natural. Causando assim uma diferenciação entre gays e o resto da população. Há pessoas que não acreditam em amor verdadeiro entre pessoas do mesmo sexo. Porém as coisas não fucionam assim. Gosto de homem, mas não por gostar apenas de sexo, gosto por tudo mais. A imagem masculina em si, o papel masculino difundido na sociedade que faz com que homens ajam de uma determinada maneira e tenha determinados gostos, isso pra mim fazem do homem uma compania mais agradavel e divertida, enfim isso e muito mais. Costumo dizer a meus amigos que mesmo que homem tivesse vagina eu gostaria assim mesmo, a atraçao não esta num orgão genital, caso contrário transformaria a relação do dia a dia inviável e insuportável. É o mesmo que afirmar que homens héteros não gostam de mulher, apenas gostam de comer mulher; e pensando bem, existe excessoes em ambos os casos. mas são excessões. Gays são pessoas normais, sentem necessidade de namorar, de carinho e de atenção. uma música da banda The Smiths expressa bem isso: " You shut your mouth How can you say I go about things the wrong way? I am human and I need to be loved Just like everybody else does" ( Você cale a boca Como você pode dizer Que eu enfrento as coisas de maneira errada? Eu sou humano e preciso ser amado Assim como todos precisam). As relações homossexuais não se restringem ao campo erótico apenas, são também do tipo afetivo. Outra idéia difundida por ai e a idéia da perversão dos homens gays de que esses só pensam em sexo. Tal idéia se encontra calcada no machismo da sociedade. Homens heteros são livres para falar que só pensam em sexo, e isso de maneira nenhuma os torna promíscuos, quando se inverte o alvo para as relações homoafetivas o preconceito sobressai e fica como primeiro plano da avaliação moral da sociedade. Nunca ouvi falar de lésbicas promiscuas, justamente porque o que vigora na sociedade é a visão de que a mulher faz amor, não sexo, logo duas mulheres seria o extase do amor. logo dois homens juntos a perversão sexual manifesta. O machismo vigora também no meio gay. Isso fica obvio com a questão das revistas especializadas, vejamos: revista de mulher pelada é para o publico masculino, e revista de homem pelado é para o publico...masculino, curioso não? porque não temos revistas de nu masculino ou feminino voltado para o publico feminino? simples, o mundo é feito para os homens. Isso é uma construção histórico social, que se intensificou no Brasil devido ao modelo de família patriarcal. Considerar o universo gay como uma coisa a parte da sociedade produz equívocos como os citados acima, no qual não se imagina que haja machismo no meio gay. Homossexuais não são promíscuos, não há relação direta nenhuma entre ser gay e promiscuidade. O que há de fato é uma difusão machista do papel sexual masculino, que diz que homem tem que ser pegador. Ou seja, homens tendem a ser mais voltados a sexo por uma convenção social, são ensinados a serem assim. E esse caráter específico da sexualidade masculina se aplica tanto a relações heterossexuais como em relações homossexuais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Veja


A revista Veja dessa semana trás uma reportagem especial sobre a geração tolerância: " Os adolescentes e jovens brasileiros começam a vencer o arraigado preconceito contra os homossexuais, e nunca foi tão natural ser diferente quanto agora. É uma conquista da juventude que deveria servir de lição para muitos adultos."
Vale a pena conferir.


link:
http://veja.abril.com.br/120510/geracao-tolerancia-p-106.shtml

segunda-feira, 10 de maio de 2010

As tristes crônicas do João medroso

João nasceu no sertão nordestino, era um garoto medroso. Sua mãe benzendeira devota de padre ciço. Seu pai cabra macho devoto de lampião. Tinha quatro irmãos, dois homens mais velhos, e duas meninas mais novas. Sua cabeça era cheia de dúvidas, sempre achou que tinha algo de errado consigo. Mas as dificuldades do dia a dia não deixavam tempo para João refletir. Todos os dias levantava bem cedo para cortar cana, fazia sempre o mesmo trajeto com seu pai e seus irmãos. E era sempre as mesmas historias, ouvia o pai dizer como levou a “muié” a força da casa dos pais, e como o irmão mais velho desvirginou a filha santa do dono da mercearia. Mas João tinha medo. Se sentia como se fosse de outro mundo. Aquela terra de chão rachado não era seu lugar. Não reclamava de ter que cortar cana o dia todo, sua maior preocupação era o casamento arranjado com mariazinha; moça prendada e bonita, filha de gente boa. João era um garoto de sorte diziam seus irmão, mas não era o que ele achava. Pois não gostava dela. ele gostava de Geraldo, um outro garoto da sua idade que também cortava cana com ele todos os dias. Mas era um sentimento tão confuso que fazia João chorar por não entender direito o que se passava. Toda vez que olhava pra Geraldo seu coração acelerava, adorava ver o garoto sem camisa e suado cortando cana. João morria de medo. E se seus pais soubessem? A mãe morreria com um enfarto fulminante. Igual o que matou a avó quando descobriu que fora traída a trinta anos atrás pelo já falecido marido. Ou no mínimo ela passaria o resto da vida sentada numa cadeira de balanço lamentando por ter um filho boiola. E o pai? Ah! O pai ! João tinha calafrios por todo o corpo só de pensar nisso. Não sabia o que ele faria, mas sabia que no mínimo pararia no olho da rua. Certa vez João e Geraldo voltavam para casa, era fim do dia. Os dois garotos estavam cansados, mas João estava feliz. Pois estava junto de quem realmente gostava. Ate que João, no único ato de coragem de sua vida faz uma piada sobre o facão do amigo. Que logo arreganha os olhos e entende a indireta. Puxa João pelo braço e o leva para dentro do canavial. Depois de alguns minutos João sai correndo desesperado arrumando as roupas, o garoto estava tenso. Chegou em casa e Seus pais perguntaram porque ele tinha demorado. O garoto achava que eles sabiam, ele olha pra seus pais e fica com medo. Sai de casa rápido, e sem deixar que ninguém perceba vai para trás do casebre e chora ali escondido, pois não podia ser visto chorando, afinal, homem que é homem não chora. Mas João era daqueles homens que choram. Ele se sentiu um pecador ao olhar para os olhos da mãe e o desgosto da família quando encarou o pai nos olhos. Decidiu nunca mais falar com Geraldo. O tempo passou, João casou com mariazinha, mas nunca foram felizes. Tiveram seis filhos, e toda noite quando trabalhavam para fazer mais um herdeiro da miséria João se lembrava do dia mais feliz que teve na sua vida naquele fim de tarde no canavial. João nasceu e morreu no sertão nordestino, nunca viveu. Pois era um garoto medroso, pobre menino tinha medo da vida.